terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dor Física x Dor Emocional

   "O maior medo do ser humano, depois do medo da morte, é o medo da dor. Dor física: um corte, uma picada, uma ardência, uma distenção, uma fratura, uma cárie. Dor que só cessa com analgésico, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando é uma dor insuportável. Mas é a dor emocional a mais temível, porque essa não tem medicamento que dê jeito. 
    Uma vez, conversando com uma amiga, ficamos nessa discussão por horas: o que é mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração? Uma pessoa que foi rejeitada pelo seu amor sofre menos ou mais do que quem levou 20 pontos no supercílio? Dores absolutamente diferentes. Eu acho que dói mais a dor emocional, aquela que sangra por dentro. Qualquer mãe preferiria ter úlcera para o resto da vida do que conviver com o vazio causado pela morte de um filho. 
   As estatísticas não mentem: é mais fácil ser atingida por uma depressão do que por uma bala perdida. Existe médico para baixo astral? Psicanalistas. E remédio? Anti-depressivos. Funcionam? Funcionam, mas não com a rapidez de uma injeção, não com a eficiência de uma cirurgia. Certas feridas não ficam à mostra. Acabar com a dor da baixa-estima é bem mais demorado do que acabar com uma dor localizada. 
   Parece absurdo que alguém possa sofrer num dia de céu azul, na beira do mar, numa festa, num bar. Parece exagero dizer que alguém que leve uma pancada na cabeça sofrerá menos do que alguém que for demitido. Onde está o hematoma causado pelo desemprego, onde está a cicatriz da fome, onde está o gesso imobilizando a dor de um preconceito? Custamos a respeitar as dores invisíveis, para as quais não existem prontos-socorros. Não adianta assoprar que não passa.
   Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silêncio, principalmente pelos que sofrem por amor. Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tão séria quanto a sofrida por Lars Grael, só que os outros não enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martírio. O próprio iatista terá sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta. Nenhuma fisgada se compara à dor de um destino alterado para sempre."
 

(Lars Grael sofreu um acidente velejando, que lhe causou a amputação da perna direita, em setembro de 1998.)

Martha Medeiros

domingo, 26 de setembro de 2010

Para alguém que mudou, mas continua aqui

Sabe, demorei um pouco pra conseguir começar a escrever isso. Não sabia bem por onde começar, mas acho que posso dar o ponta pé inicial nisso dizendo que eu não queria que tu tivesse te transformado dessa forma. Bom, eu tentei de várias formas reverter tua decisão, e se no futuro acontecer de tu te magoar mais e sofrer o dobro, eu vou ter certeza de que fiz de tudo para isso não acontecer. E se isso for uma tentativa de me fazer te esquecer, saiba que ela já é fracassada desde agora. Isso não vai adiantar, por motivos bem óbvios. Você diz que é errado eu me importar mais com você do que comigo, e eu sei que é, mas vai explicar isso pro meu coração. Tenta. Tu mesmo disseste que se esquecer fácil, é porque estava só na cabeça, agora uma coisa curiosa: porque, depois de todo esse tempo eu nem ao menos consegui te tirar da minha cabeça, que dirá do coração? E outra: porque tu tem tanta certeza que se tentar outra vez, vai sofrer? Eu tenho muitos sonhos. E na realidade, a maioria envolvia você. Envolve ainda. Na verdade eu não sei se aquilo é pra mim. Se você pensou naquela música ao colocar o título, acho que sim. A verdade é que eu li como se fosse pra mim. E tem tanta coisa que eu tenho pra te falar. Mas agora eu tenho um pouco de medo, medo de te dizer por exemplo, que eu tinha o plano de dia perfeito para nós. Daria em torno de duas horas o caminho que eu teria que percorrer pra chegar até onde você está, te pegar pelos ombros e dizer: "Não! A vida não é só sofrer, e eu posso te mostrar isso". Te falaria as coisas que provavelmente eu teria ensaiado na viagem, ou improvisaria tudo que saísse na hora do meu coração. Mesmo assim eu tenho certeza que esse seria um momento lindo para nós dois. E eu iria repetir isso muitas vezes, quantas você me pedisse, e quantas eu pudesse. Nós poderíamos ser muito felizes nesses dias que só existiram na minha cabeça. Eu iria te encontrar com o melhor e com o pior humor. Só de te olhar meu dia já melhoraria. E sabe, esse é só um. Te contei só um pouquinho do que há na minha cabeça. Eu sempre te deixei livre pra fazer tuas escolhas. Mesmo quando eu não concordava, te deixei fazer e enxergar sozinho onde tu errou, pra não fazer mais. Eu não concordo com isso e tu sabes. Será que tu não vê que não vai dar pra continuar como era antes do jeito que tu está sendo? Será que eu ainda posso te contar tudo? Será que eu ainda posso dizer que eu te conheço? Será que tu ainda vai me ajudar quando eu precisar? Me responde essas perguntas, por agora eu to meio perdida. Mas eu não vou desistir de ti. Sabe, eu nunca fui de desistir e você já deveria ter percebido isso. Você foi quem mais deu felicidade pro meu coração, mas também destruiu cada pedaço. Mas eu ainda continuo completamente apaixona pelo teu jeito. Sim, acredito que eu não entenda isso direito, e nem sei se tem dimensões. Talvez não tenha. Ah, e quanto ao medo de chegar aqui e ver alguma coisa (se foi pra mim), saiba que eu não quero meter ninguém na minha vida pra transformar a vida desse alguém num inferno. Nem quero fazer mais pessoas sofrerem. Se eu tiver que andar em frente, vai ser sozinha. Eu sei que pra sempre, nunca é usado no sentido literal da expressão, sempre tem algumas excessões. Também sei que tem muita coisa que eu queria te dizer e entre elas é que tudo isso poderia ser mais fácil. Lembra do 1º/04? Pois é pega tudo que eu já te falei daquele dia até hoje e põe com a data de hoje. É mais ou menos tudo que eu tenho pra te falar. Ah, sabe aquela música? Eu escuto todos os dias. Sabe aquele texto? É, o primeiro que tu escreveu, eu tenho ele impresso e leio quase que de hora em hora. Sabe as cartas? Eu ainda escrevo. Sabe os registros, eu também leio eles. Sabe o amor? Vai continuar aqui, e disso eu tenho a mais pura certeza. 



Remar, Re-amar, Amar

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também. Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica, o que for. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu não desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.


Remar.
Re-amar.
Amar.


Caio Fernando de Abreu - Jornalista - adaptado

sábado, 25 de setembro de 2010

A dama do esmalte escuro


in memorian
O dia 25/9 não é um dia feliz. Os dias para mim, carregam por si lembranças. Memórias de dias os quais fomos muito felizes, quando falamos a primeira palavra, quando tiramos as rodinhas da bicicleta, quando perdemos o primeiro dente, entre outras. Mas existem dias, como o de hoje, que poderiam não existir. O tempo passa, e só o que aumenta é a saudade. Saudade de vê-la subindo a rua e dando um aceno. Saudade de chegar de tarde da aula, e dar de encontro com ela ver seu sorriso e ouvir seu "oi querida!". Eu sinto tua falta, madame das unhas sempre com esmalte escuro. Eu sinto falta de quando ela fazia bolo, e sempre lembrava de mim. Sinto falta de quando ela dizia que me considerava neta dela também. Sinto falta dos e-mails que tu mandavas, e eram sempre mensagens lindas. Sinto tua falta falando bem das tortas da Méri, e me contando histórias de quando era jovem. Sinto tua falta quando visto aquele vestido, e lembro que tu disse: "Não tá curto nada! Ela é jovem, pode usar." Ou quando vejo as fotos do meu aniversário e teu imenso sorriso esta no teu rosto, lembrando a todos que tu era muito feliz. Nós éramos a extensão da tua já grande família. Eu queria que tu estivesse aqui nesse momento. A hora de escolher curso, carreira, faculdade está chegando e eu sempre me lembro de ti. O vestibular me causa tremores de medo, e as expectativas que todos põe em cima de mim também. Quais seriam as tuas palavras pra mim agora? Talvez eu te contasse tudo, tudo mesmo, e tu me daria a mais simples solução. Tu era uma mulher à favor do amor, da felicidade, e da paixão pela vida. Será que tu te orgulharias do blog? Quais seriam as dicas que tu me darias? O que será que tu diria disso tudo que aconteceu nos últimos meses? Hoje o dia está nublado, exatamente como a um ano atrás. Tu odiava chuva, eu me lembro bem. Gostava de sol, de café, de conversa fiadas, e papos cabeça.      Gostava de cozinhar, adorava a literatura. Amava viver. Jussara Paula Dias Volkmer, a Ju, a Juca, minha vó emprestada, tu continuas fazendo falta pra mim hoje, e continuará para sempre.

domingo, 19 de setembro de 2010

Sol, luta e força

Tem coisas que estão na minha mente, como um texto pronto que na hora de escrever foge. Vai como o vento, que hoje bate os vidros da janela. Sabe quando o sol nasce? Você sai na rua e os raios de sol desse dia te aquecem. Mas estes raios não são os mesmos de ontem? Não são os que ontem estavam escondidos entre nuvem de chuva? Eram. E continuam sendo os mesmos desde sempre. Nos dias de lágrimas e nos de sorrisos. Nos dias de raiva e nos de tristeza. Não vale a pena fechar os olhos e deixar que a vida te leve. Eu acho bonito quem luta e quer concertar os erros do passado e as escolhas erradas que fez. Não dá pra esquecer do sol só porque o dia esta nublado. Ou chuviscando. Ou uma tempestade esta caindo. Nós precisamos correr atrás dos dias felizes ao lado de pessoas que amamos. Nós precisamos manter os dias ensolarados. Mesmo que a vida não ajude. Mesmo que ninguém queira te ver feliz. Mesmo que você se machuque. Ninguém ganha uma luta se ficar parado. Assim, você só vai ser um alvo mais fácil. E se não tu não tiveres mais força, é hora de ver quem realmente está do teu lado. Pois quem te ama, fica contigo até o fim.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sinto muito

Eu sinto muito ter quebrado certas expectativas. Me desculpe, nunca foi minha intenção. 

The Charlie Brown Jr.




"Não vem me rotular, você também não é ninguém"

"Lidei com coisas que eu jamais entenderei"

"Quem tem dúvida não encara os fatos, fica ligeiro porque eu to ligado"

"Ser forte é ter coragem pra continuar, ter força é ter força pra se superar"

"Não, não quero que me entenda mas quero que respeite o que foi feito com suor, a história foi feita"

"Todo mal que é dirigido a nós, nos fortalece eu não vou desistir"

"O tempo às vezes é alheio à nossa vontade, mas só o que é bom dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível"

"Tomo cuidado pra que os desequilibrados não abalem minha fé"

"Mas se o disfarce é o caminho a seguir, e se esse teu orgulho um dia te trair? Mas se você prefere não me ouvir sim, faça o que quer fazer" (a melhor)


Booom, essas são frases que encontrei em http://twitter.com/FrasesChorao

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rotina Quebrável

O caos sempre me encantou. Me fascinava anos atrás, aqueles filmes em que as pessoas moravam nas cidades onde grandes nevascas aconteciam. Você abre sua porta e lá está uma pilha de neve que te impede de ir pra escola, então é obrigado a ficar em casa, tomando chocolate quente envolta da lareira. Tudo aquilo que te tira da rotina, eu adoro. Uma vez (acho que de tanto desejar) demoramos mais de um dia para voltar da praia (o que demoraria só umas seis horas), tendo então que dormir num hotel-cabana de beira de estrada. Bem coisa que eu também via nos filmes. Chovia, e foi desconfortável ficar vinte e três horas dentro de um carro, mas pra mim valeu a pena. Talvez o que me chame atenção seja sair da rotina, e o caos proporciona isso. Não quero que nada exploda, nem seja inundado, nem pege fogo, mas as situações que mexem com o que eu faço diariamente me encantam. Levantar cedo, ir pra escola, almoçar, jantar, comer salada, tomar água eu faço todo dia, mas eu preciso de mais, sempre mais. Talvez seja esse o futuro que me espera, pegar um carro e viajar pra lugar nenhum, sem destino sem rota, sem hora nem dia pra voltar. Estar em casa não fazendo nada, receber uma ligação e sair, sem planos, sem compromisso. Mudar de país, conhecer pessoas novas e outras culturas. Dormir tarde e acordar de tarde. Sair sem dizer nada e ir pra casa daquela pessoa, dizer "oi, tava com saudade", dar um abraço e ir embora. Esquecer de ir pra casa depois da noite de uma festa. Rir, até doer a barriga. Compartilhar os melhores momentos com quem se ama. Roubar uma pessoa e levar ela pra lugar qualquer. Olhar pro céu, e se perder no azul infinito. Quebre minha rotina. Mesmo que minha vida talvez não permita isso, nunca vou desistir de tentar. Todos deviam correr atrás dos seus sonhos e procurar sempre realizá-los. Eu vou tentar. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Kit Completo

Não sei como você está por dentro, mas meu estômago talvez já venha desempenhando a função de coração a um bom tempo. Porque meu coração esta guardado em algum lugar, adormecido, sedado com a melhor droga, a qual chamo de morfina. Você pode vê-lo? É ele está ai, contigo. Sempre esteve só pra lembrar. Acho que um ser um pouco mais racional tomou conta de mim agora. Já não me desespero tanto. Mas é como se eu ouvisse uma voz no fundo dessa alma racional que grita desesperadamente por socorro porque, embora o estômago esteja fazendo um trabalho excelente, não supre a necessidade que o meu corpo tem de... de você. Minhas extremidades exigem cada vez mais de meu pobre estômago, e isso o deixa louco. Sentir com o estômago tem sido legal, mas não suficiente. As vezes eu sinto alguns pulsos fracos e pausados do meu coração. Mas ainda é pouco para que ele exerça de novo sua velha função: sentir. E seria mais fácil se você me devolvesse meu coração com o kit completo: coração, felicidade e bem como isso não se completa sozinho, você. Se não assim, não me serve. Sempre tive estômago forte, e por isso posso resistir. 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vida, Pessoas e Confiança

A vida é cheia de idas e vindas. Na minha agora, houve mais chegadas. E sabe, ainda bem que essas pessoas chegaram, porque eu não sei o que seria de mim sem elas. Por outro lado, algumas foram embora, e eu não posso dizer que isso não mexeu comigo. É difícil aceitar o fato de que muitas pessoas talvez não se importem mesmo com o que você sente, nem com o que passa. Se é pra amar, que seja sincero. Por isso faço com todos que amo, o que eu gostaria que fizessem comigo. Trato-os da mesma maneira como eu queria que as pessoas me tratassem. Dessa forma me decepciono muito, mas também tive a sorte de encontrar pessoas onde eu encontrei tudo que procurava. Mas no meu ponto de vista, confiança é como um papel que vai para longe em dias de ventania. Vejo em quem posso confiar quando a tempestade chega, e os papéis não voam. Tem gente que não merece nenhum texto, nenhuma linha na história da minha vida, mas também tem aqueles os quais eu poderia escrever capítulos inteiros, e mesmo assim nunca falar o bastante. E são os protagonistas destes capítulos intermináveis que continuam, hoje, na minha vida. Pra minha sorte. Foi uma pena ver o vento levar pra longe, muitos papéis valiosos. Mas hoje já não me importa. Alguns foram arrastados pela tempestade, outros se deixaram desgastar pelo tempo, e uns ainda que se deixaram levar. Mas aqui entre tempestades e alegrias eu continuo cuidando de quem ficou, e ficará.
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